O título deste post parece até ironia, num momento em que o país está a beira de uma recessão econômica e vemos diariamente notícias sobre aumento de inadimplência, retração do consumo etc.
Porém, uma pequena minoria de brasileiros não está cortando gastos. E, talvez, nem saiba o que a palavra significa. São os superricos.
Hoje, o mundo tem 390 milhões de consumidores de luxo. Deste total, 128 mil possuem patrimônio de mais de US$50 milhões, 45 mil possuem mais de US$ 100 milhões enquanto 4.300 pessoas têm patrimônio de mais de US$ 500 milhões, segundo estudo do Credit Suisse.
No Brasil, os números são bem mais modestos mas não menos exorbitantes. Com a alta do dólar, as compras de luxo que eram realizadas em viagens ao exterior, passaram a ser realizadas aqui mesmo no Brasil. Marcas de luxo viram suas previsões trimestrais alcançarem os dois dígitos, enquanto planos de expansão de superbrands como Hermès, Vacheron e Ralph Lauren vão de vento em poupa.
Não acredita? Para a loja nova Ralph Lauren, recém inaugurada no Shopping Cidade Jardim, foram criadas bolsas Ricky feitas em croco, em pink, turquesa e laranja. Uma dessas peças, de R$ 96 mil, por sinal, já estava reservada antes de a loja abrir.
E como atender este cliente cujo lema é "dinheiro não é problema"? Oferecendo experiências únicas e exclusivas. Não estamos falando aqui do prosecco com docinhos no lançamento da coleção e sim, de um atendimento personalizado, que ofereça aquilo que o cliente nem sabe que quer. Um adicional que faça com que o consumidor anseie pela próxima surpresa.
Marcas como Louis Vuitton e Chanel, por exemplo, passaram a realizar desfiles exclusivos em locações paradisíacas para seus maiores compradores. A experiência inclui a viagem, passeios, conhecer o estilista da marca e jantares espetaculares. A American Express, por outro lado, presenteia seus clientes "especiais" com mimos que vão desde convites para semanas de moda até pré-venda de produtos de série limitada.
O luxo hoje é o tempo, a experiência e a sensação de pertencer ao um seleto grupo de felizardos. Transformar esta experiência em faturamento vai muito além do tipo ou valor do produto. É fazer com que o produto esteja inserido num contexto de sonho e de exclusividade. O cliente quer saber que a marca vem até ele para oferecer um produto ou serviço que ele ainda não sabe que deseja, mas que ele tem dinheiro para pagar. Ou apenas, disponibilizar uma informação - por mais trivial que ela seja - mas que poucos tenham acesso.
Vendendo caneta ou bolsa de pele de crocodilo, vai se sair melhor aquele que entender muito bem o perfil de seus clientes e o que para eles é "necessidade, vontade, desejo", como bem disseram Os Titãs.

FONTE: VALOR ECONOMICO E BUSINESS OF FASHION